Depois de algumas semanas sem postar novos
artigos, estava eu a procura de um assunto do qual desejasse escrever hoje.
Tinha que ser algo que me tocasse e inspirasse. E encontrei em mim mesma o fio
que teceu o texto que se segue.

Queremos conquistar as coisas pelo mérito e a
sociedade exige de nós algo que não somos: perfeitos.
Pois bem, hoje quero compartilhar minha
experiência pessoal nesse assunto.
Cresci como uma garota normal, cristã
praticante, trabalhadora, com princípios éticos muito claros e fortes e...
perfeccionista, isto é, fazia tudo da forma mais impecável possível, buscando ser merecedora do reconhecimento do chefe, da família, dos amigos etc. O problema é que,
obviamente, isso nunca foi suficiente nem para os meus critérios, nem para os
da ‘sociedade’.

Primeiramente, disparou um ‘clic’ em mim quando
entendi que a ‘sociedade’ sou eu. Eu sou a sociedade que quero que exista no
mundo. Não posso dar às pessoas o direito (ou dever) de ditar como a sociedade em que eu
vivo deve se comportar. Eu devo ser a sociedade que quero viver para contagiar
as pessoas ao meu redor.
E em segundo lugar, e mais importante, fui
envolvida pela mensagem maravilhosa da Palavra de Deus que diz que “nós somos salvos
pela graça, por meio da fé, e isto não vem de nós, é dom de Deus; não por
obras, para que ninguém se glorie” (parafraseado de Efésios 2:8-9).
Não existe nada – NADA – que eu faça que
consiga merecer o amor de Deus. Por mais que eu tente acertar, sempre acabo
errando em alguma coisa. Mas a grande mensagem do Evangelho é que eu ser
imperfeita não faz a menor diferença para que Deus me ame. E se Ele me ama
assim mesmo – e a você e a qualquer outro ser humano – tudo o que eu posso
(podemos) fazer é amá-lo, me render e mostrar as outras pessoas esse amor.
Essa mensagem, a da Graça, me libertou. Ela
me lembra que não preciso mais ser egoísta – já posso amar. Não preciso mais
competir – sou livre para cooperar, construir. Não preciso mais ser orgulhosa –
a graça me alcança assim mesmo. E posso enfim buscar ser o que Deus planejou
para mim – sem as imposições da sociedade.
Estamos na época da graça e não mais da Lei,
das regras, do merecimento. A graça me ensina a amar as pessoas e não julgá-las
pelos seus méritos ou deméritos – eu também tenho os meus. A graça me ensina a perdoar os erros dos outros, porque reconheço que eu mesma erro, eu mesma não
mereceria ser perdoada – mas fui. Na graça, existe tolerância, amor, aceitação
das pessoas apesar de seus erros. Eu mesma preciso ser tolerada, amada e
aceita, apesar dos meus erros. E se Cristo – o perfeito – faz tudo isso por
mim, quem sou eu que não queira fazê-lo? É Ele quem me dará condições para
isso.

O paradigma de Cristo é: eu não sou merecedora
e por isso recebo a Graça (nunca daria conta para alcança-la). Eu recebo a
Graça e por isso busco fazer o melhor, olhando para Cristo – meu alvo, levantando
sempre que cair pois Ele me ampara e corrige, dedicando minha vida a contribuir
com as pessoas por meio dos meus talentos e da minha identidade.
